terça-feira, 16 de outubro de 2007

ASSASSINOS DE SONHOS

'(...) lembrando-se dela o Senhor, ela concebeu e, passado o devido tempo, teve um filho, a que chamou Samuel, pois dizia: Do Senhor o pedi '. (I Samuel, 1.19b e 20)

É impossível lutar pelos nossos sonhos sem enfrentar nos caminhos da vida os assassinos de sonhos. Há muitas pessoas que nos espreitam, nos encurralam e nos atacam procurando matar os nossos sonhos. Essas pessoas não respeitam os nossos sentimentos, não se alegram com as nossas vitórias; antes, celebram com prazer mórbido os nossos fracassos.

Esse fato pode ser visto na vida de Ana. Ana tinha um sonho, o sonho de ser mãe. Ela era estéril. Seu sonho, embora fosse legítimo e justo, foi adiado pelo próprio Deus, que lhe fechara a madre (I Samuel, 1.6). Ana, porém, continuou lutando pelo seu sonho, derramando a alma diante de Deus em oração. No caminho da realização do seu sonho, enfrentou três assassinos de sonhos.

O primeiro assassino de sonho foi sua rival Penina, a outra esposa de seu marido, Elcana. Penina tinha vários filhos enquanto Ana, embora amada pelo marido, não tinha nenhum. Penina tinha o ventre fértil, mas o coração estéril. Seu ventre era um jardim, mas seu coração, um deserto onde só florescia o espinheiro do ódio e da inveja. As virtudes de Ana incomodavam Penina. A piedade de Ana desmascarava a impiedade de Penina. Penina preferiu perseguir Ana em vez de imitá-la. Penina transformou sua vida num projeto inglório de destruir os sonhos de Ana. Por isso, sempre que Ana subia à Casa de Deus, Penina a atormentava, amargurando a sua alma, pelo que Ana chorava e não comia. Penina sentia um prazer mórbido pela desdita de Ana. Ela a execrava pelo fato de ela ser estéril. Muitas pessoas são incapazes de chorar conosco, de sentir a nossa dor e de se identificar com o nosso sofrimento. Pelo contrário, elas agravam a nossa dor, arrancam lágrimas dos nossos olhos e atentam contra os nossos sonhos.

O segundo assassino de sonho que Ana enfrentou foi o sacerdote Eli. Ana estava orando na Casa de Deus, derramando sua alma diante do Senhor e o sacerdote, que devia estar junto dela, orando por ela, abre a sua boca para julgá-la e para acusá-la falsamente. Eli acusou Ana de estar embriagada na Casa de Deus. Ele foi apressado no seu juízo e incompassível em suas palavras. Em vez de ser um pastor de almas ele se transformou em assassino de sonhos. Muitas vezes somos mal compreendidos até mesmo dentro da Casa de Deus. Em vez de receber ajuda, recebemos julgamento.

Em vez de encontrar apoio, encontramos condenação. Em vez de encontrar apoio, encontramos condenação. Em vez de encontrar compreensão, encontramos juízo. Precisamos estar atentos para que as pessoas não roubem os nossos sonhos.

O terceiro assassino de sonho que Ana enfrentou foi o seu próprio marido. Elcana era um marido amoroso, amigo, companheiro e solidário. Mas ele não acreditava que Deus pudesse fazer um milagre na vida da sua esposa. Ele tentou demover Ana do seu sonho. Ele encorajou-a desistir de ser mãe. Elcana era cético, não acreditava na ação sobrenatural de Deus. Ele não se uniu à sua mulher clamando a Deus por um milagre. Pelo contrário, tentou esvaziar a alma de Ana de toda esperança. Ele transformou-se em um assassino de sonhos. Precisamos ter cuidado com os conselhos que recebemos. Muitas vezes, os assassinos de sonhos estão muito perto de nós. Eles podem estar dentro da nossa própria casa.

Ana não abriu mão do seu sonho. Ela não permitiu que as pessoas ao seu redor matassem o seu sonho. Ela continuou orando e crendo na intervenção de Deus. Deus ouviu o seu clamor. Deus curou as suas emoções e também a sua doença. Ana voltou a sorrir. Ana voltou às trincheiras da luta. Ana venceu. Ana concebeu e deu à luz a Samuel, o maior homem da sua geração, o profeta, o sacerdote e o juiz de Israel, o homem que foi usado por Deus para trazer a sua geração de volta aos Seus caminhos. Não desistamos dos nossos sonhos!

Rev. Hernandes Dias Lopes (1ª Igreja Presbiteriana de Vitória/ ES)